No início dos anos 2000, quando o internet banking se tornou uma alternativa às filas de banco, muitos brasileiros ficaram desconfiados. Duas décadas depois, hoje é muito comum utilizar as facilidades da internet para pagar boletos, fazer transferências e até mesmo depositar cheques sem ter de ir até uma agência bancária. O estranhamento inicial é natural, já que os usuários sempre têm medo do desconhecido, especialmente quando se trata de dinheiro. Mas, as fintechs surgiram para ampliar ainda mais as conveniências trazidas pelo internet banking, com algumas outras vantagens.
O mercado financeiro está em constante evolução, mas o que fez com que o mercado se mexesse e evoluísse a passos largos foi a rapidez e facilidade trazida pelas fintechs, que fizeram com que os bancos tradicionais tivessem de correr para evoluir áreas que eram consideradas adicionais aos serviços bancários oferecidos, como os apps para smartphone. as tarifas baixas ou zeradas e o atendimento fácil.
O que diferencia as fintechs dos bancos tradicionais são os fatores que são considerados adicionais no banco tradicional, mas são a essência das fintechs. Os bancos tradicionais requerem que você fique horas no telefone ou na agência para negociar taxas, as informações sobre gastos são de difícil acesso e confusas, em caso de perda do cartão você muitas vezes não consegue realizar o cancelamento do mesmo eletronicamente e o atendimento nem sempre é tão prestativo quanto o das fintechs.
Desta maneira, o principal diferencial está na experiência do usuário, que é o foco nas fintechs. Os recursos tecnológicos trazem facilidade de uso, redução de burocracia e, principalmente, praticidade para o dia-a-dia do cliente. Historicamente, o mercado financeiro no Brasil é concentrado em poucas instituições, os níveis de satisfação dos consumidores dessas instituições são muito baixos quando comparados a outros setores da economia. Tal fato, abriu espaço para as fintechs oferecerem excelência nas experiências que proporcionam, com propostas de serviços específicas às necessidades dos clientes.
Apesar da corrida dos bancos tradicionais, as fintechs continuam oferecendo alternativas melhores e a maioria das tecnologias novas são aplicadas primeiro em seus serviços antes de chegar aos engessados bancos. A agilidade das fintechs é o que as separa dos players tradicionais do setor.
Muita gente já usa serviços de companhias como Nubank, PicPay, Neon e Trigg sem saber essencialmente o que significa fintech. Em suma, fintechs são empresas que redefinem a área de serviços financeiros através de processos inteiramente baseados em tecnologia. Etimologicamente, a palavra fintech é a junção de financial (financeiro) e technology (tecnologia), mas a realidade é que as fintechs não se resumem a bancos digitais, apesar de adotarem o mesmo nome. As fintechs podem oferecer produtos e serviços diferentes entre si. Mas quais são essas categorias de fintech?
PAGAMENTO:
Esse tipo de fintech se caracteriza por facilitar a vida do consumidor quando o assunto é compra e venda. Oferecem novidades em cartôes de crédito ou POS, por exemplo. Nessa categoria se destaca o Nubank, que começou como uma empresa de cartões sem as conhecidas taxas e anuidades, além de cobrar juros menores do que o restante do mercado para aqueles que não conseguem pagar a totalidade de suas faturas.
CRÉDITO OU EMPRÉSTIMO:
A ideia principal deste tipo de fintech é oferecer dinheiro a quem precisa, a juros menores que os bancos tradicionais. Isso é possibilitado através de estruturas enxutas e análises de crédito rápidas automatizadas. Geru e Mutual são exemplos de fintechs da área, que acabam interessando tanto aos investidores, quanto aos usuários que desejam pedir empréstimos.
CROWDFUNDING:
As fintechs desse tipo funcionam como uma maneira de captar fundos para tirar uma ideia do papel através do capital coletivo. Um exemplo é a CapTable, que capta recursos para possibilitar que startups inovadoras escalem suas operações, em troca de notas conversíveis que podem se tornar participações em uma futura SA ou rentabilizar exponencialmente com uma possível venda da startup.
BITCOINS:
Com a tendência do Bitcoin chegando ao Brasil, algumas fintechs surgiram para facilitar as transações de investidores. Essas empresas cresceram bastante em um curto período de tempo, aproveitando o interesse pela novidade. Um exemplo é o Mercado Bitcoin.
CONTROLE FINANCEIRO:
Para auxiliar o usuário a manter suas finanças em dia, surgiram as fintechs de controle financeiro. A Organizze é um exemplo, que auxilia na administração de despesas pelo smartphone, permitindo definir metas e criar categorias de gastos.
INVESTIMENTO:
Com os mesmos objetivos das fintechs de pagamento, surgiram com a ideia de oferecer mais facilidade e taxas menores na hora de fazer seu dinheiro render. Um exemplo é a CapRate, que possibilita que você invista em projetos imobiliários, emprestando dinheiro às incorporadoras à uma taxa pré-fixada, superior ao CDI.
O que todas as fintechs têm em comum é o fato de que com um celular e acesso à internet, toda a infraestrutura que encarece os serviços e burocratiza o setor são substituídas. O conhecimento e o acesso às informações são facilitados e a relação com o cliente é mais próxima, menos impessoal. Com vantagens tão claras, não há como fugir dessa evolução, provando que as fintechs vieram para ficar.
O mês de janeiro foi um marco global no universo das fintechs, já que a maior aquisição do mercado ocorreu, comprovando a força da transformação econômica proposta pelas fintechs. A Visa, rede de pagamentos eletônicos, comprou a Plaid, uma fintech que facilita o acesso e o compartilhamento de dados financeirosdos clientes, por U$$ 5,3 bilhões, isso fez com que especialistas designassem 2020 como o ano das fintechs.
O Brasil segue a tendência mundial com o crescimento no número de fintechs propondo soluções inovadoras para o setor financeiro. Cerca de 453 fintechs atuam no país, número que em 2018 era de 377. Além disso, duas grandes operações no mercado das fintechs solidificam a posição nacional no mercado: o investimento do Softbank no Banco Inter (R$800mi) e do fundo americano TGV no Nubank (U$$400mi).
Por serem digitais desde o seu princípio, as fintechs não contam com grandes estruturas físicas, reduzindo seus custos de operação. Esta é a justificativa para suas taxas menores ou inexistentes, proporcionando cartões sem anuidade e contas gratuitas. Por conta de seu DNA digital, também oferecem soluções inéditas, muitas vezes menos burocráticas e mais intuitivas que as apresentadas pelos bancos tradicionais.
Além disso, fintechs como a CapTable democratizaram o acesso ao investimento em startups para investidores menores. Abrindo espaço para que investidores com menor capital possam participar de investimentos que eram tidos como exclusivos ao investidor qualificado, com grandes quantidades de capital.
Em resumo, as fintechs trouxeram produtos inovadores e simplificados à milhões de brasileiros, tais produtos são frequentemente desenhados para facilitar e trazer inúmeras vantagens aos clientes que há muito tempo estavam acostumados às altas tarifas dos bancos e serviços ineficientes.