- Postado originalmente na StartSe
O Méliuz anunciou a aquisição da Acesso Bank por R$ 324 milhões, a aquisição foi efetivada em ações do Méliuz, os acionistas da Acesso agora detém 8% da startup de cashback. Com a aquisição, a marca Acesso Bank deixa de existir e passa a integrar o Méliuz como subsidiária. Seis meses depois do seu IPO, essa é a segunda aquisição a ocorrer, a primeira foi a Picodi. Com as transações, o Méliuz começa a mostrar que seu interesse no setor de fintechs vai além de ser uma plataforma de cashback.
Fundada em 2013, a Acesso Bank oferecia em seu princípio um cartão pré-pago, vendido em grandes redes de supermercados. Em 2018, o foco da fintech ampliou-se e passou a ser um banco digital, oferecendo também um serviço de banking as a service, o Bankly. O novo foco deu certo, em 2020 a Acesso teve receita bruta de R$ 53 milhões nas duas linhas de negócio. E, somente em março deste ano, apresentou volume de R$ 1,3 bilhão transacionados (TPV) em seus serviços.
O Méliuz, que já conta com 16 milhões de usuários, agora pode oferecer uma conta digital completa, além de aumentar o seu mercado endereçável. A aquisição permite que o Méliuz possa entrar em novos segmentos de serviços financeiros, como empréstimos, investimentos e seguros.
O aumento de aquisições pós-IPO é uma tendência que possui uma lista crescente de adeptos (Locaweb, Grupo Soma, Totvs). O Méliuz vem utilizando o capital levantado no IPO, mais de R$ 300 milhões, para realizar M&As estratégicos que impulsionam seu crescimento. Em fevereiro, o Méliuz adquiriu a Picodi, um site de cupons de desconto, numa transação que aumentou a receita da empresa em mais de 30%. Agora, adquire a Acesso Bank num movimento que indica interesse em ampliar sua atuação para outros segmentos de serviços financeiros.
Com a aquisição da Acesso Bank, maior movimento do Méliuz para entrar em serviços financeiros, o Méliuz espera ter vantagem na briga das carteiras digitais (que inclui PicPay, Ame, Mercado Pago e outras). Segundo o CEO do Méliuz, a fintech já começa com a vantagem de integrar o 'cash in' na carteira dos usuários, representado pelo cashback.
A expectativa é que essa entrada de dinheiro nas contas aumente o engajamento dos usuários com a plataforma, potencializando os outros serviços que serão integrados ao Méliuz. A estratégia é muito similar a do Banco Inter, que integrou a plataforma de cashback aos serviços financeiros que oferecia. No caso da Méliuz, o caminho é inverso: uma plataforma de cashback que passa a ofertar serviços financeiros.
Além das empresas tradicionais, que já despertam para o novo mundo, entendendo que precisam ter uma estratégia de simbiose com o ecossistema de startups - investindo e adquirindo startups para manter sua relevância, o Méliuz demonstra que está ligado que não basta ser fintech para estar na vanguarda. É preciso continuar atento a outras startups que podem integrar e evoluir sua solução, através de aquisições pontuais.
Apenas ser uma startup não é solução para competir num mercado inovador. Cada vez mais se torna comum que empresas que há pouco eram startups se solidifiquem e passem a investir em outras startups que ainda estão no princípio das suas jornadas. Os movimentos de startups investindo em outras startups são reflexo das constantes mudanças da economia digital, que exige olhar atento ao ecossistema para identificar oportunidades de mudar junto com o mercado.
O mercado tradicional também parece aprovar os movimentos, as ações do Méliuz (CASH3) subiram quase 10% após o anúncio da aquisição. O IPO do Méliuz foi um dos primeiros a ocorrer na Bolsa brasileira envolvendo uma companhia em estágios tão iniciais. Quem investiu no princípio, no entanto, se deu bem: as ações do Méliuz já triplicaram desde o IPO - demonstrando que quem investe em startups garante maior valorização da sua participação.