- Postado originalmente na StartSe
A Open Co., holding criada pela fusão de Geru e Rebel, recebeu um aporte de R$ 150 milhões em rodada liderada pelo IFC e Goldman Sachs. A Open Co. opera na área de crédito pessoal sem garantia e pretende conceder R$ 1 bilhão em empréstimos até o final de 2021.
O aporte foi feito após a fusão das duas fintechs há menos de um mês. Com a fusão, a Open Co., holding que controla Geru e Rebel, possui 100 mil clientes ativos e já originou mais de R$ 1,5 bilhão em empréstimos.
A solidez e tamanho da operação foram reforçadas com a fusão, garantindo a confiança para que a rodada de investimentos ocorresse. Participaram da rodada: IFC (setor do Banco Mundial responsável por investimentos privados), Goldman Sachs, Raiz Investimentos - um family office de Ivan Toledo (fundador e acionista controlador da Sem Pararaté 2016) -, Monashees, LTS, Chromo e Sampa.
A fusão de Geru e Rebel foi anunciada ainda no início de março e foi responsável por criar a maior fintech de crédito sem garantia do Brasil. A operação, no entanto, pretende manter as duas marcas ativas, por isso a Open Co. foi criada como uma holding, transformando os acionistas das duas fintechs em acionistas da holding.
A decisão em manter as duas marcas separadas é uma estratégia que faz sentido para a Open Co.: Geru e Rebelpossuem clientes com perfis diferentes, fundamentalmente opostos. Para continuar atendendo aos clientes das duas marcas - sem precisar mudar o foco de uma delas, ou criar um novo foco que fizesse sentido para ambas - a estratégia parece acertada.
Os clientes da Geru são, geralmente, pessoas que já possuem acesso a crédito e conta bancária, portanto para estes a vantagem é a experiência melhor e taxas mais atrativas. Enquanto os clientes da Rebel são pessoas com escores de crédito menos atrativos e, portanto, o atrativo para estes clientes é contar com uma alternativa aos empréstimos que não têm acesso em bancos tradicionais.
Embora as fintechs de crédito sempre tenham sofrido com a desconfiança do mercado em relação à sua capacidade de sobrevivência diante de uma crise ou instabilidade, tanto Rebel quanto Geru conseguiram passar pelo período de pandemia sem grandes problemas.
Embora a Geru tenha registrado, no pico da pandemia, maior inadimplência no primeiro pagamento (aumento de mais de 25%), as taxas de inadimplência já estão em patamar inferior ao que se observava antes da crise.
Além da solidez que a consolidação de duas fintechs traz, outros fatores vêm incentivando fusões no Brasil: o ambiente regulatório favorável ao crescimento das fintechs, tecnologias como o PIX e inovações proporcionadas pelo open banking. Esses fatores combinados ampliam o mercado endereçável e, consequentemente, reduzem os custos de transação.
As fintechs são um dos segmentos de startups que mais têm recebido investimentos no Brasil. Somente em 2021, mais de US$ 500 milhões foram captados por startups do setor, segundo levantamento do Distrito. Segundo esse mesmo levantamento, há mais de mil fintechs em operação no país e as que atuam no segmento de crédito representam a terceira maior categoria (atrás apenas de meios de pagamento e back office).
A consolidação das fintechs é um passo importante para o amadurecimento do setor, que ainda é bastante fragmentado. Apesar da maior competitividade gerada pela fragmentação, os serviços financeiros dependem muito da confiança dos usuários e, quanto maior for uma fintech, mais confiança deve proporcionar. Dessa maneira, com as fusões, grandes competidores podem surgir para bater de frente com bancos tradicionais e ganhar cada vez mais confiança - e capital - dos seus clientes.